Política

Política


PUBLICIDADE

Chefias militares da FLEC-FAC abandonam luta armada em Cabinda

Chefias militares da FLEC-FAC em conferência de imprensa
Chefias militares da FLEC-FAC em conferência de imprensa Imagens: Edições Novembro

Redacção

Publicado às 12h37 16/04/2025

Luanda - Um grupo de guerrilheiros da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda – Forças Armadas Cabindenses (FLEC-FAC) declarou, esta terça-feira, ter abandonado a luta armada e manifestou o desejo de aderir ao processo de paz e reintegração na sociedade angolana.

Numa conferência de imprensa realizada em Luanda, os integrantes do grupo justificaram que a decisão foi motivada pelo cansaço e abandono, a que estavam votados, assim como pelas condições de vida extremamente precárias e promessas não cumpridas, por parte da liderança política da FLEC-FAC.

Segundo o chefe do Estado-Maior adjunto e responsável pelas operações militares da FLEC-FAC, Martins Chincocolo, os guerrilheiros viveram durante anos em condições degradantes, alimentando-se com enormes dificuldades e sem assistência médica.

“Já sofremos muito. Trabalhámos muitos anos com o senhor Jean-Claude Nzita, que se diz presidente e, também, com Manuel Nzita. Foi tanto sofrimento que chegámos ao ponto de vermos apenas escuridão à nossa volta. Por isso, voltamos à nossa terra e decidimos servir o país”, afirmou.

Sublinhou que a conferência de imprensa visou expor publicamente a realidade enfrentada pelo braço armado da FLEC-FAC, revelando que a liderança do movimento prometiam apoio, 500 dólares por acção, mas  no regresso de cada missão apenas recebiam 30 mil francos.

Afirmou que os militares agora desmobilizados não têm qualquer envolvimento com a ala política da FLEC, da qual se demarcam completamente, reiterando que são "militares, a política é outra coisa. Só queremos paz em Cabinda. A política é com eles, nós não somos políticos”.

Martins Chincocolo lamentou a precariedade com que os combatentes estavam obrigados a sobreviver, recebendo apenas 100 dólares por mês para sustentar grupos de 20 a 30 homens, com armas obsoletas, muitas nem disparavam. 

Por seu lado, o antigo xerife-comandante da região militar de Nkoto, João Maria Dunge, acusou os líderes políticos da organização separatista de enriquecimento às custas dos combatentes, considerando Jean-Claude Nzita de mentiroso, e de usar e sacrificar. 

Os antigos guerrilheiros clamam agora por apoio para a sua reintegração social e laboral, reconhecendo que muitos têm famílias a seu cargo. 

Por seu turno, o chefe da segurança militar do Estado-Maior da FLEC-FAC, Afonso Soni Elisabeth Sungo “Zing Zong”, destacou o sentimento generalizado de frustração, sublinhando que "já não queremos guerra". 

Questionados sobre a origem dos fundos que sustentam o braço armado, a maioria afirma nunca ter tido contacto pessoal com Jean-Claude Nzita e questiona a origem dos fundos que sustentam o braço armado.

Declararam que cerca de 600 elementos ainda estão nas matas, dos quais 285 já manifestaram vontade de regressar, aguardando apenas garantias de segurança e apoio logístico.

PUBLICIDADE