Luanda - A presidente da Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira, reafirmou, esta quinta-feira, em Luanda, o compromisso de Angola com a implementação do Pacto sobre Segurança, Estabilidade e Desenvolvimento na região dos Grandes Lagos e com a promoção de mecanismos de prevenção e resolução de conflitos, através do diálogo político e diplomático.

Ao discursar na abertura da décima quinta sessão ordinária da Assembleia Plenária do Fórum Parlamentar da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (FP-CIRGL), sublinhou que o fórum se tem mostrado cada vez mais relevante na promoção da paz, estabilidade e desenvolvimento na região, num contexto profundamente marcado por desafios políticos, económicos e humanitários.

Destacou a importância das iniciativas promovidas com o apoio da ONU, da União Africana e das lideranças regionais, através de um engajamento político de alto nível, no sentido de restaurar a confiança, promover a paz e garantir a estabilidade na região.

Alertou para a crescente preocupação de Angola com a situação social, ambiental, de segurança e humanitária no Leste da República Democrática do Congo (RDC), assim como com o aumento da escalada militar e a ocupação de cidades pelo grupo M23, que representam uma ameaça à integridade territorial e à soberania da RDC, agravando a situação humanitária e enfraquecendo os esforços políticos e diplomáticos de pacificação.

Carolina Cerqueira, citada pelo Jornal de Angola, referiu-se à situação na República Centro-Africana, no Sudão e no Sudão do Sul, tendo defendido uma atenção particular e o desenvolvimento de soluções viáveis, visando a implementação efectiva da paz naqueles países.

Recordou que uma liderança inclusiva reconhece as diversas identidades, necessidades e aspirações dos povos que constituem as diferentes nações da região, e salientou o seu potencial, com recursos naturais e terras raras abundantes, juventude vibrante, culturas ricas e uma localização geo-estratégica privilegiada.

Enfatizou que o desenvolvimento e bem-estar precisa de vontade política, reconciliação e compromisso com os valores democráticos, para se alcançar uma paz efectiva e duradoura.

A Presidente da Assembleia Nacional assegurou que Angola tem dado exemplo, com o seu histórico processo de reconciliação nacional, iniciado após o fim da guerra civil, em 2002, que tem permitido a construção de uma sociedade mais inclusiva.

Salientou que o Fórum Parlamentar da CIRGL "não é apenas um espaço de diálogo, entre representantes eleitos. É, cada vez mais, uma plataforma estratégica de diplomacia parlamentar e preventiva, de mediação política e de cooperação legislativa para a paz, estabilidade e desenvolvimento”.

Enfatizou que a região continua a enfrentar tempos desafiantes, marcados por tensões políticas, conflitos armados, crises humanitárias e sociais, deslocações forçadas e graves violações dos direitos humanos, sobretudo contra mulheres, crianças e pessoas vulneráveis, que exigem uma resposta coordenada, solidária e firme, incluindo dos parlamentos.

Carolina Cerqueira reafirmou a disponibilidade de Angola em continuar a trabalhar no seio do Fórum para a promoção de uma cultura política baseada na tolerância, diálogo construtivo, pluralismo e alternância democrática.

Carolina Cerqueira reiterou que a estabilidade, reconstrução da paz e integridade territorial dos Estados só são possíveis com instituições sólidas, justiça e respeito pela vontade soberana dos povos, sublinhando que Angola acredita firmemente no papel do diálogo parlamentar como instrumento de pacificação.

Os participantes na cerimónia de abertura da plenária do Fórum Parlamentar observaram um minuto de silêncio, em memória do Papa Francisco, que faleceu na passada segunda-feira, aos 88 anos, vítima de doença.

Durante a cerimónia de abertura, discursaram também o secretário-geral interino do FP-CIRGL, Roland Tembo, o secretário executivo da CIRGL, João Caholo, e a vice-presidente do FP-SADC, Sylvia Lucas.