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OMS avisa que taxa de letalidade por cólera em Angola é elevada

OMS avisa que taxa de letalidade por cólera em Angola é elevada
OMS avisa que taxa de letalidade por cólera em Angola é elevada Imagens: DR

Redacção

Publicado às 19h29 13/01/2025

Luanda - A Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou hoje que Angola regista uma "elevada taxa" de letalidade da cólera, perto dos 10%, no momento em que o surto regista 18 mortos e 224 casos notificados.

"Neste momento estamos à volta de 10% [taxa de letalidade], que é muito alto", afirmou hoje o Oficial de Emergência da OMS em Angola, Walter Firmino, acrescentando que a maioria das mortes são "comunitárias" o que significa que a população "não está a procurar de forma atempada o serviço de saúde".

Em declarações à Lusa, o responsável insistiu que a taxa de letalidade é alta, destacando, ao mesmo tempo, a resposta do Governo angolano, por via do Ministério da Saúde, desde o primeiro caso identificado no bairro do Paraíso, município de Cacuaco, em Luanda.

Logo que se identificou o primeiro caso, as autoridades mobilizaram as equipas de resposta rápida que foram para o terreno em busca de casos nas comunidades e unidades sanitárias e também criaram centros de tratamento de cólera no Hospital Municipal e no Hospital Geral de Cacuaco, indicou.

Luanda, Bengo e Icolo e Bengo são as três províncias angolanas que notificaram casos positivos de cólera, sendo que as autoridades activaram já o plano de vigilância epidemiológica em todas as províncias do país, visando travar a propagação da doença.

Segundo Walter Firmino, surtos de cólera são previsíveis em zonas com saneamento precário e escassez de água, a exemplo do bairro do Paraíso, epicentro da cólera em Angola, referindo que as chuvas também concorreram para o agravar da situação.

Considerou que as chuvas que assolaram nos últimos meses a província de Luanda "também ajudaram ao surgimento de casos nesta localidade no [bairro] Paraíso, em Cacuaco, mas é uma doença baseada no saneamento básico precário".

"Nesse momento estamos a trabalhar nas actividades para controlar a doença para que não se espalhe mais noutras províncias e de seguida fazer advocacia em acção directa no fornecimento de água e limpeza e saneamento básico", disse.

Para a OMS, a resposta à cólera em Angola não depende apenas de acções do Ministério da Saúde, mas também da intervenção dos ministérios da Energia e Águas e Ambiente, com abastecimento de água às comunidades.

Walter Firmino observou, por outro lado, que a sensibilização às populações para o tratamento de água, não defecar ao ar livre, lavar as mãos, manter a higiene do ambiente, ferver a água e proteger os alimentos constituem medidas básicas para se evitar a cólera.

O Oficial de Emergência da OMS em Angola descartou ainda uma eventual propagação da cólera pelo país, dado os planos de resposta elaborados em todas as províncias, dando nota igualmente de que Angola já requisitou vacinas junto deste organismo internacional.

Argumentou, por outro lado, que a vacina contra a cólera é apenas complementar às medidas básicas, acrescentando que, dada a escassez de vacinas, Angola poderá apenas vacinar as pessoas nas zonas mais afectadas.

"Há mais de 26 países nesse momento a nível global que enfrentam o surto de cólera e só temos oito milhões de vacinas em `stock`, são poucas vacinas e se o Governo [angolano] tiver acesso às vacinas não serão suficientes para vacinar uma grande população, apenas serão direccionadas às zonas de foco", apontou.

"Mas, nesse momento a mensagem mais importante é a prevenção", concluiu o médico Walter Firmino.

Segundo o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde (Minsa), o número de casos de cólera notificados em Angola aumentou para 224, com 54 novos registos nas últimas 24 horas, e mais três mortes, num total de 18 desde o início do ano.

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